Baleia Fin (Balaenoptera physalus)
O Museu de Pesca tem como principal atração a ossada da
baleia Fin (Balaenoptera physalus). A baleia foi encontrada encalhada na cidade de
Peruíbe, litoral paulista, pesa 7 toneladas, possui 23 metros de comprimento e
197 ossos, sendo 61 vértebras. A Fin,
considerado a 2° maior baleia do mundo, é uma espécie muito dócil que vive em
águas profundas e frias, e raramente é encontrada na costa brasileira. Neste
caso, esse animal pode ter se perdido.
A montagem do seu esqueleto no Museu de Pesca foi
realizada pelo Diretor do Museu de Campinas, Max Wúnsche, em abril de 1942, e
levou 21 dias para ser finalizada. A montagem comemorou 74 anos, sendo um marco
a ser comemorado. Considerada a peça em exposição mais ilustre do Museu e
admirada por várias gerações de visitantes, a ossada da Baleia Fin é um retrato
das criaturas grandiosas e belas de nossos oceanos.
Abaixo, mais informações sobre esta espécie:
Características gerais: A baleia
Fin apresenta uma distribuição cosmopolita, sendo reconhecidas atualmente duas
formas geográficas ou subespécies: uma no Hemisfério Norte, Balaenoptera
physalus physalus, e uma no Hemisfério Sul, Balaenoptera physalus quoyi. Os
indivíduos do Hemisfério Sul são maiores, com machos e fêmeas atingindo o
comprimento de 25 e 26 m, respectivamente (Rice, 1998; Aguilar, 2002). A
principal característica diagnóstica da espécie é o padrão de pigmentação
assimétrico na região da cabeça: no lado direito, a mandíbula inferior, a
cavidade da boca e algumas cerdas bucais são cinza-claras e brancas, enquanto o
lado esquerdo é uniformemente cinza-escuro.
A
maturidade sexual ocorre por volta dos seis a sete anos para machos, e sete a
oito anos para fêmeas, correspondendo a cerca de 19 e 20 m de comprimento,
respectivamente. O período de gestação dura cerca de onze meses, no final do
qual nasce usualmente um único filhote, com cerca de 6 a 7 m de comprimento, e
pesando de 1 a 1,5 toneladas. A lactação dura de seis a sete meses (Aguilar,
2002). No Hemisfério Sul, a espécie alimenta- -se predominantemente de krill
(Euphausia spp.) e outros crustáceos planctônicos.
Geralmente,
vivem solitárias ou em grupos de dois a sete indivíduos, embora grupos maiores
possam ser observados em áreas altamente produtivas. Grupos mistos de
baleias-fins e baleias-azuis (Balaenoptera musculus) não são raros nas áreas de
alimentação, e a existência de híbridos entre as duas espécies é relativamente
comum (Aguilar, 2002).
A
espécie tem hábitos oceânicos, apresentando um padrão sazonal de migração
latitudinal entre as áreas de alimentação nas proximidades das regiões polares,
onde ocorre durante o verão, e as áreas de reprodução (baixas e médias
latitudes), onde aparece durante o inverno. No Oceano Atlântico Sul Ocidental,
entretanto, as principais áreas de concentração invernal da espécie são ainda
desconhecidas (Figura 4).
No
Brasil, a espécie tem sido registrada desde aproximadamente 5º S, no Rio Grande
do Norte, até o Rio Grande do Sul (e.g. Pinedo et al., 1992; Zerbini et al.,
1997; M. Tavares - GEMARS, dados não-publicados). A espécie, contudo, não
parece ser abundante em nenhum local da costa brasileira (Zerbini et al.,
1997). Em contraste, a espécie é relativamente comum em regiões subantárticas e
antárticas.
Juntamente
com a baleia-azul, a baleia-fin foi uma das espécies mais capturadas
comercialmente em todo o mundo. As capturas mundiais de baleia-fin alcançaram
os maiores números entre 1935 e 1970, quando cerca de 30.000 indivíduos foram
caçados em alguns anos. Estes altos níveis de captura levaram diversas
populações ao colapso em todo o planeta. A baleia-fin foi também uma das
espécies mais atingidas pela caça ilegal praticada pelos soviéticos no final da
década de 60 e início da década de 70. Contudo, estima-se que no Hemisfério
Sul, ao sul dos 30º de latitude, existam atualmente pelo menos 24.000
baleias-fin (Aguilar, 2002). Embora a baleia-fin tenha sido amplamente caçada
ao longo de quase toda a sua distribuição, o impacto da captura sobre a espécie
na costa brasileira parece ter sido reduzido, embora não existam dados sobre o
seu tamanho populacional.
Durante
os quase 50 anos de atividade baleeira no Brasil, foram capturados 87
baleias-fins nas estações baleeiras de Costinha (PB) e Cabo Frio (RJ) (Zerbini
et al., 1997). Atualmente, os problemas de conservação da espécie são pouco
conhecidos, contudo, dentre as ameaças potenciais pode-se destacar a poluição
sonora no ambiente marinho (e.g. prospecção sísmica), a poluição por
contaminantes químicos, o risco de capturas em redes de deriva de alto mar e a
colisão com embarcações. Na costa brasileira, entretanto, não são conhecidos
casos de colisões com embarcações ou capturas incidentais em redes de pesca.
Nas regiões polares, a sobrepesca de recursos pesqueiros pode causar um
desequilíbrio no ecossistema, que pode comprometer o hábitat das baleias-fins.
Conhecendo os ancestrais das baleias
Foi
um caminho de milhões de anos para os mamíferos retornarem ao mar. Sim, porque
recursos como a homeotermia (capacidade de manter estável a temperatura do
corpo, presente nos animais de sangue quente), a gestação interna, a
amamentação, o cuidado com os filhotes etc. foram desenvolvidos por espécies
terrestres. E quando algumas delas retornaram à vida aquática, desenvolvendo
novas e específicas adaptações, levaram consigo essas conquistas de seus ancestrais.
Passo a passo, com idas e vindas como muitas vezes ocorre na construção do
saber, a ciência, que neste caso é a Paleontologia, reconstrói o caminho do
retorno dos mamíferos ao mar, cujos rastros estão quase apagados ou escondidos
na imensidão do tempo (para obter muitas informações interessantes sobre o
assunto ver Evolution of Whales [Evolução das Baleias] – National Geographic
magazine, November 2001).
A
Paleontologia reconhece hoje que os ancestrais das baleias que andaram em terra
firme eram carnívoros, com quatro patas e cascos, cujos sucessores do Eoceno
(período geológico) em diante provavelmente evoluíram para espécies mais
pesadas, com patas curtas, estrutura mais própria para a vida anfíbia em águas
rasas em rios ou estuários (ou seja, ora estão na água ora em terra, como os
crocodilos ou as tartarugas de água doce que conhecemos hoje, embora estes
animais nada tenham a ver com baleias e seus ancestrais). Porém, milhões de
anos se passaram até que as espécies da “linhagem” dos cetáceos (o nome do
grupo zoológico no qual a ciência reúne baleias e golfinhos, sejam grandes ou
pequenos) se adaptassem completamente à vida no oceano. Atualmente, o tamanho
de muitos e a forma de todos os cetáceos não permitem que vivam em ambiente
terrestre.
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