outubro 05, 2017

Baleia Fin (Balaenoptera physalus)

Baleia Fin (Balaenoptera physalus)


O Museu de Pesca tem como principal atração a ossada da baleia Fin (Balaenoptera physalus). A baleia foi encontrada encalhada na cidade de Peruíbe, litoral paulista, pesa 7 toneladas, possui 23 metros de comprimento e 197 ossos, sendo 61 vértebras.  A Fin, considerado a 2° maior baleia do mundo, é uma espécie muito dócil que vive em águas profundas e frias, e raramente é encontrada na costa brasileira. Neste caso, esse animal pode ter se perdido.
A montagem do seu esqueleto no Museu de Pesca foi realizada pelo Diretor do Museu de Campinas, Max Wúnsche, em abril de 1942, e levou 21 dias para ser finalizada. A montagem comemorou 74 anos, sendo um marco a ser comemorado. Considerada a peça em exposição mais ilustre do Museu e admirada por várias gerações de visitantes, a ossada da Baleia Fin é um retrato das criaturas grandiosas e belas de nossos oceanos.


Abaixo, mais informações sobre esta espécie:

Características gerais: A baleia Fin apresenta uma distribuição cosmopolita, sendo reconhecidas atualmente duas formas geográficas ou subespécies: uma no Hemisfério Norte, Balaenoptera physalus physalus, e uma no Hemisfério Sul, Balaenoptera physalus quoyi. Os indivíduos do Hemisfério Sul são maiores, com machos e fêmeas atingindo o comprimento de 25 e 26 m, respectivamente (Rice, 1998; Aguilar, 2002). A principal característica diagnóstica da espécie é o padrão de pigmentação assimétrico na região da cabeça: no lado direito, a mandíbula inferior, a cavidade da boca e algumas cerdas bucais são cinza-claras e brancas, enquanto o lado esquerdo é uniformemente cinza-escuro.
A maturidade sexual ocorre por volta dos seis a sete anos para machos, e sete a oito anos para fêmeas, correspondendo a cerca de 19 e 20 m de comprimento, respectivamente. O período de gestação dura cerca de onze meses, no final do qual nasce usualmente um único filhote, com cerca de 6 a 7 m de comprimento, e pesando de 1 a 1,5 toneladas. A lactação dura de seis a sete meses (Aguilar, 2002). No Hemisfério Sul, a espécie alimenta- -se predominantemente de krill (Euphausia spp.) e outros crustáceos planctônicos.
Geralmente, vivem solitárias ou em grupos de dois a sete indivíduos, embora grupos maiores possam ser observados em áreas altamente produtivas. Grupos mistos de baleias-fins e baleias-azuis (Balaenoptera musculus) não são raros nas áreas de alimentação, e a existência de híbridos entre as duas espécies é relativamente comum (Aguilar, 2002).

A espécie tem hábitos oceânicos, apresentando um padrão sazonal de migração latitudinal entre as áreas de alimentação nas proximidades das regiões polares, onde ocorre durante o verão, e as áreas de reprodução (baixas e médias latitudes), onde aparece durante o inverno. No Oceano Atlântico Sul Ocidental, entretanto, as principais áreas de concentração invernal da espécie são ainda desconhecidas (Figura 4). 



No Brasil, a espécie tem sido registrada desde aproximadamente 5º S, no Rio Grande do Norte, até o Rio Grande do Sul (e.g. Pinedo et al., 1992; Zerbini et al., 1997; M. Tavares - GEMARS, dados não-publicados). A espécie, contudo, não parece ser abundante em nenhum local da costa brasileira (Zerbini et al., 1997). Em contraste, a espécie é relativamente comum em regiões subantárticas e antárticas.
Juntamente com a baleia-azul, a baleia-fin foi uma das espécies mais capturadas comercialmente em todo o mundo. As capturas mundiais de baleia-fin alcançaram os maiores números entre 1935 e 1970, quando cerca de 30.000 indivíduos foram caçados em alguns anos. Estes altos níveis de captura levaram diversas populações ao colapso em todo o planeta. A baleia-fin foi também uma das espécies mais atingidas pela caça ilegal praticada pelos soviéticos no final da década de 60 e início da década de 70. Contudo, estima-se que no Hemisfério Sul, ao sul dos 30º de latitude, existam atualmente pelo menos 24.000 baleias-fin (Aguilar, 2002). Embora a baleia-fin tenha sido amplamente caçada ao longo de quase toda a sua distribuição, o impacto da captura sobre a espécie na costa brasileira parece ter sido reduzido, embora não existam dados sobre o seu tamanho populacional.
Durante os quase 50 anos de atividade baleeira no Brasil, foram capturados 87 baleias-fins nas estações baleeiras de Costinha (PB) e Cabo Frio (RJ) (Zerbini et al., 1997). Atualmente, os problemas de conservação da espécie são pouco conhecidos, contudo, dentre as ameaças potenciais pode-se destacar a poluição sonora no ambiente marinho (e.g. prospecção sísmica), a poluição por contaminantes químicos, o risco de capturas em redes de deriva de alto mar e a colisão com embarcações. Na costa brasileira, entretanto, não são conhecidos casos de colisões com embarcações ou capturas incidentais em redes de pesca. Nas regiões polares, a sobrepesca de recursos pesqueiros pode causar um desequilíbrio no ecossistema, que pode comprometer o hábitat das baleias-fins.


Conhecendo os ancestrais das baleias

Foi um caminho de milhões de anos para os mamíferos retornarem ao mar. Sim, porque recursos como a homeotermia (capacidade de manter estável a temperatura do corpo, presente nos animais de sangue quente), a gestação interna, a amamentação, o cuidado com os filhotes etc. foram desenvolvidos por espécies terrestres. E quando algumas delas retornaram à vida aquática, desenvolvendo novas e específicas adaptações, levaram consigo essas conquistas de seus ancestrais. Passo a passo, com idas e vindas como muitas vezes ocorre na construção do saber, a ciência, que neste caso é a Paleontologia, reconstrói o caminho do retorno dos mamíferos ao mar, cujos rastros estão quase apagados ou escondidos na imensidão do tempo (para obter muitas informações interessantes sobre o assunto ver Evolution of Whales [Evolução das Baleias] – National Geographic magazine, November 2001).
A Paleontologia reconhece hoje que os ancestrais das baleias que andaram em terra firme eram carnívoros, com quatro patas e cascos, cujos sucessores do Eoceno (período geológico) em diante provavelmente evoluíram para espécies mais pesadas, com patas curtas, estrutura mais própria para a vida anfíbia em águas rasas em rios ou estuários (ou seja, ora estão na água ora em terra, como os crocodilos ou as tartarugas de água doce que conhecemos hoje, embora estes animais nada tenham a ver com baleias e seus ancestrais). Porém, milhões de anos se passaram até que as espécies da “linhagem” dos cetáceos (o nome do grupo zoológico no qual a ciência reúne baleias e golfinhos, sejam grandes ou pequenos) se adaptassem completamente à vida no oceano. Atualmente, o tamanho de muitos e a forma de todos os cetáceos não permitem que vivam em ambiente terrestre.


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