Taxidermia no Museu de Pesca
Fotos arquivo do Museu
Grande parte dos animais expostos no Museu de Pesca passaram pelo processo de taxidermia, técnica
que ficou conhecida pelo sinônimo “empalhar”, termo atualmente em desuso.
Taxidermia vem do termo grego que
significa: tax = organização, derm = pele, é a técnica de preservação da forma
da pele e do tamanho do animal para exibição e estudo. Essa técnica tem como
principal objetivo o resgate de espécimes descartados, reconstituindo suas características
físicas e, às vezes, simulando seu ‘habitat’, o mais fielmente possível, para
que possam ser empregados como ferramentas de educação ambiental ou como
material didático.
Quando um animal se encontra em
estado deteriorado, inviabilizando sua montagem científica, artística ou seu
estudo anatômico, recorre-se à Montagem Óssea. Limpa-se, assim, todos os ossos
com instrumentos cortantes e produtos químicos, reconstituindo a parte óssea do
animal com pinos, arame e cola. Esse foi o processo usado para reconstituição
da Baleia Fin exposta no Museu de Pesca.
O taxidermista é um misto de
técnico e artista. Ele transforma o animal morto em peça didática, utilizada
como uma importante ferramenta para a criação de coleção científica ou para
fins de exposição, trazendo também uma alternativa de lazer e cultura para a
sociedade.
Dentre os taxidermistas que
passaram pelo Laboratório de Taxidermia do Museu de Pesca, destaca –se Nelson
Dreux Costa, um autodidata, apaixonado pela taxidermia, que fez grandes
inovações na técnica.
Nelson iniciou sua carreira como
motorista no Instituto de Pesca, e passou a ajudar o Taxidermista da época, Sr.
Sebastião Medeiros, foi assim que conheceu a técnica. Enquanto acompanhava o Taxidermista
do Museu, uma dúvida surgiu, parte dos dentes frontais da mandíbula do animal
haviam desaparecido, e ninguém sabia como fazer para substituí-los. Foi quando
Nelson, que fabrica pranchas de surfe e caiaque, sugeriu reproduzir os dentes
com resina.
A cada dia, Nelson se encantava
ainda mais, e passou a estudar as técnicas e criar novas formas de conservar
animais para estudo. Nelson assumiu o Laboratório em 2000, e com algumas
técnicas aprendidas com a confecção de pranchas, inovou a taxidermia com a
fabricação de olhos de resina, escamas de fibra de vidro e substituiu as bases
de madeira por arames e fios de cobre. Antigamente utilizava-se palha ou
serragem de madeira para desenvolver a taxidermia, e Nelson também inovou com a
utilização de plástico bolha e a serragem sintética (plástico triturado) para
preenchimento dos animais.
Dentre seus trabalhos, Nelson
classificava a Lula Gigante de mais de 5 metros, como seu trabalho mais
complicado. Além da lula, a Raia – Manta e o Tubarão Duende que também foram considerados
trabalhos difíceis. Porém, o trabalho mais emocionante foi a taxidermia do Cão
Nero, considerado herói nacional para o Governo da Angola.
Nelson criou um conceito para
explicar sua profissão: “A taxidermia é uma profissão que exige o senso
estético de um artista, a destreza manual de um cirurgião, a criatividade do
professor Pardal, a paciência de um monge e a teimosia de uma mula”.
Nelson faleceu em abril de 2014,
deixou um grande legado para a taxidermia e para os amigos do museu de Pesca,
uma grande saudade.
Veja algumas reportagens sobre o
Taxidermista Nelson Dreux Costa:
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